terça-feira, 28 de setembro de 2010

PATATIVA MARAVILHOSO DO ASSARÉ





Eu sou de uma terra que o povo padece

Mas não esmorece e procura vencer.

Da terra querida, que a linda cabocla

De riso na boca zomba no sofrer

Não nego meu sangue, não nego meu nome

Olho para a fome, pergunto o que há?

Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,

Sou cabra da Peste, sou do Ceará.



Patativa do Assaré

sábado, 18 de setembro de 2010

O CORDELISMO DE ANTÔNIO BARRETO



Antônio Barreto e alguns de seus cordeis

De forma antenada, Antônio Carlos de Oliveira Barreto, 54, procura acompanhar os acontecimentos com sua arte. Tem-se um novo acordo ortográfico, ele publica cordel (Novo Acordo Ortográfico em Versos de Cordel). E se Estados Unidos procuram Bin Laden, ele anuncia o paradeiro (As aventuras de Bin Laden no Carnaval da Bahia).
Um pároco manifesta sinais de religião africana, ele questiona (Padre Pinto está correto ou merece punição?). A professora dança pagode, ele conta a história (A professora que trocou a sala de aula pela baixaria do pagodão). E se morre o rei do pop? O cordel “Michel Jackson disse adeus”, discute o tema.
Estes são só alguns exemplos do cordelismo-jornalismo produzido por Antônio Barreto, nome artístico do cordelista.  Para escrever este tipo de cordel, Barreto se inspira em cuíca de Santo Amaro. Este foi um falado cordelista baiano, terror dos políticos de má índole, cuja história será narrada em filme.
Barreto sintetiza: “Ele era um jornalista além de cordelista, o fato acontecia ele já colocava em versos de cordel, eu gosto também de fazer isso”.
No entanto, apesar de admiração e exemplo, nem só de fatos vivem os cordéis barretianos. São vários os assuntos. Tem política, tem saúde, tem ecologia, temas sertanejos, temas educativos, cordéis construídos com amigos através da internet (pelejas), problemas sociais, esporte…
Um cordel sobre a rivalidade entre os times do Bahia e do Vitória rendeu uma participação no Bahia Esporte da TV Bahia. A matéria foi construída tendo o cordel como mote e Barreto aparece recitando livreto de sua autoria sobre o BA-VI.
Além de cordelista, Antônio Barreto é poeta e professor.  Graduado em Letra e Pós-graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira, lamenta a falta da cadeira do cordel na academia. Contudo, em suas aulas não falta aquele que, em suas palavras, é “um instrumento pedagógico eficiente, quando ele é bem utilizado”.
Antônio Barreto escreve, vive e defende o cordel. No seu cordelismo já usou as rimas nas quadras, sextilas, septilhas, oito pés, décimas, etc, até mesmo para responder à entrevista. As repostas em forma de versos demonstram seus pensamentos acerca de questões como técnica, temporalidade, universalidade, função social e sobrevivência do cordel, além de discutir sua relação com a música e o seu lugar na Academia de Letras.
O professor/cordelista/poeta tem cerca de cem títulos de cordel publicados. Quase todos já listados no seu blog. Além de escrever, Barreto ministra oficinas de cordel, faz palestras, recitais e cantorias. Apresenta-se em escolas, bibliotecas, bienais, feiras de livros, festa populares e onde mais for convidado.
Antônio Barreto reside em Salvador há 34 anos, mas não perdeu o jeito, o sotaque e a arte do povo do sertão. Recebe o visitante em casa com a maior hospitalidade. Assim, conserva em si a natureza conhecida no universo bucólico de sua primeira infância. Época vivenciada na comunidade de Boa Vista, a 11km da sede do município natal, Santa Barbara (BA), com média de 18mil habitantes e distante cerca 135km de Salvador.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Que tal conjugarmos o manuanêz?

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
Manoel de Barros