segunda-feira, 30 de julho de 2012

A educação no Brasil



     O blog do Espaço de Criação Literária dá início a partir desta semana a uma série de entrevistas com educadores autores. A série pretende fomentar o ciclo de debates sobre a educação contemporânea no Brasil. Na abertura teremos uma entrevista memorável concedida por um dos grandes pilares da educação brasileira: O Profº Drº  José Claudinei Lombardi, coordenador executivo do HISTDBR ( Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil) na UNICAMP ( Universidade Estadual de Campinas). Ao longo da conversa o Profº José Claudinei discorreu entre outros assuntos sobre a necessidade da inserção da pedagogia crítica nas escolas brasileiras.
      Lombardi lançou no 1º semestre deste ano o livro: "Educação e Ensino na obra de Marx e Engels", fruto de ampla pesquisa da análise e perspectiva dos teóricos alemães sobre a educação. 






       ECL- Como se deu sua proximação com o Marxismo?


JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI- Na juventude eu fui seminarista e tinha uma atuação nas comunidades eclesiais de base. Uma inserção política cada vez maior me levou a fazer o curso de filosofia e teologia integrada que era dado para os seminaristas franciscanos. A opção pelos pobres e a teoria da libertação não só entre católicos...Havia uma busca para apreender o método de análise do Marxismo .

         ECL- Como fica a educação no mundo capitalista?

JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI- Na educação que se faz no Brasil quem detém a hegemonia da nossa sociedade a toma não como um direito do cidadão. Gradativamente  a educação vai se transformando em mercadoria.Quando se coloca a escola como um espaço de mercantilização se abre mão da crítica.Nos nossos cursos de pedagogia não se trabalha os educadores contra- hegemônicos. O aluno precisa saber...conhecer melhor grandes educadores, como: Paulo Freire e Demerval Saviani.

       ECL- A infância e o mundo do trabalho...

JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI-  Grande parte das crianças que habitam a cidade são filhas de trabalhadores...sendo obrigadas a trabalhar. Isso é real. Muitas estatísticas são enganosas..na periferia há uma atividade econômica capitaneada pela contravenção...que são geridas pelo tráfico. É uma atividade monopólica como qualquer outra atividade e isso é comandado pelos grandes impérios burgueses. Grande parte da força de trabalho usada na periferia nestas atividades é infantil.Na minha visão a educação deve estar atrelada ao trabalho, ou seja, as pequenas atividades junto à funções na família. Não é uma hortinha no fundo de escola isso não é educação revolucionária. A escola que é adequada para esta infância é a escola que consiga abranger a totalidade das crianças em idade escolar, e, nela tem que haver uma educação integral que forme a criança em todas as suas dimensões.

ECL-O papel das redes sociais nas transformações da sociedade...

JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI- Tudo que vem pra contribuir pro máximo de socialização da informação é bem vindo. O grande problema que eu vejo na circulação da informação é que tudo circula ao mesmo tempo de uma maneira fragmentada. Tudo tem que ser rápido não dá pra compor uma unidade de pensamento. No mundo da escrita há um filtro...quem escreve e edita, por exemplo o livro didático. N o mundo da informática é difícil  checar a veracidade das informações.

ECL- As inserções na Sociologia rural...

JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI- Pesquisei sobre os Xavantes  numa perspectiva em face ao desenvolvimento do capitalismo no Brasil.

                                                             Fonte:educadoresnoface.blogspot








 Deve se a abolir todas as formas de opressão. Bilhões de seres humanos estão na miserabilidade... vivem à margem da sociedade brasileira. Hoje a esquerda está num momento triste, mas, de reencontro e também de fragmentação.
José Claudinei Lombardi.


Dica: Livro: Educação e Ensino na obra de Marx e Engels
Autor: José Claudinei Lombardi
Editora: Alínea 

Abraços,
Juliana Gobbe  

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Réquiem por Ruth Handler


Trechos do poema.....


Morreu ontem a mãe da Barbie,
a boneca adolescente. A filha
que nunca será órfã, pequeno duende
de sutiã 38 e de 33 polegadas
de altura
Morreu a mãe da Barbie, que vai
a todas as festas  de gala e enegreceu
há uns anos, qual Naomi Campbell, para
ser consumida pela boa
consciência racial do Ocidente
Morreu a mãe da Barbie, que jamais a viu
padecer de uma gravidez adolescente, nem paixão, nem desgosto, nem fome
A Barbie é sabida e deve ter tido educação
sexual. Que fará ela com Ken
no regresso de tantas festas
Morreu a mãe da Barbie, cedo demais
para inventar uma Barbie de burka,
ou com explosivos escondidos no cinto...

Inês Lourenço


Abraços,
Juliana Gobbe

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Últimos dias da exposição sobre Jorge Amado em São Paulo

"Tudo...tudo na Bahia faz a gente querer bem...a Bahia tem um jeito". Caetano Veloso tinha razão ao escrever a canção Terra. A Bahia é amada...de Amado de Mãe Menininha e tantos outros. Ao passear pelo 2º piso do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo respira-se todo o encantamento dos últimos dias da exposição: Jorge Amado Universal.Comunismo e misticismo comungam o mesmo espaço na obra do escritor baiano. A esposa e também escritora Zélia Gattai fez certa vez o seguinte comentário sobre o autor em seu livro Memorial do Amor: "Na boca de Pedro Arcanjo, personagem de Tenda dos Milagres, Jorge colocou uma frase sua que repetia sempre ao ser interpelado sobre sua ligação com o candomblé: Sou materialista, mas meu materialismo não me limita".Não percam a exposição.






Abraços,
Juliana Gobbe





segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ferréz: A voz de Capão




"Um Ferréz mais calmo, mas nem por isso mais otimista, está em Deus Foi Almoçar (Planeta), romance escrito durante oito anos de "incertezas" e que será lançado dia 3 de julho em São Paulo. Teria dado certo seguir vestindo a camisa de escritor da periferia, renovando as histórias de Capão Pecado, livro que o revelou, ou deManual Prático do Ódio, que o consagrou. Ferréz continuaria sendo chamado para festas literárias daqui e do além-mar, ainda seria consultor de cineastas para assuntos de periferia, poderia ficar rico. Mas ele quis mais, e teve coragem de mudar a direção de sua carreira literária com um livro em que não se lê sequer a palavra favela. Em que a violência é muito mais interior do que do ambiente.

Atrás da aparente calmaria de pastas e arquivos organizados milimetricamente vive o funcionário padrão Calixto, um homem nem pobre nem rico, invisível, abandonado pelo pai e pela mãe, depois pela mulher e filha, que se distrai caminhando pelo bairro enquanto conta postes, observando a vizinha no quintal, se maltratando e nunca se envolvendo com os outros".


Abraços,
Juliana Gobbe